Artigo

999,99 Reais

—Por que R$999,99?

—Não poderia, o vendedor desse produto ou serviço, estampar em seu cartaz e anúncio, o preço real de R$1.000,00?

—Poderia!

Mas não faz isso. Prefere ir na onda dos 999,99...
—E por quê?
Porque as pessoas são passíveis de serem iludidas e enganadas, principalmente quando estão no afã de comprar. Normalmente não arredondam, para cima, os preços com essas terminações de noves. Ao contrário, se concentram nos números iniciais, até pela sonoridade que têm, ao serem lidos. E tal ocorre mesmo com a leitura apenas visual, sem vocalização. Pois a sonoridade já se faz representar no pensamento, ecoando o efeito semântico que lhe corresponde. E se a pessoa estiver cansada ou com fome tornará essa experiência ainda mais acentuada, ficando mais vulnerável à influência que lhe querem incutir.

Um preço de R$999,99, dá a impressão inicial de que o bem tem um valor na faixa dos novecentos. Depois é que se vai acrescentando, ao raciocínio, os números da dezena e então da unidade.

—Qual o objetivo de se colocar um preço de R$79,99, ou R$79,90, em vez de R$80,00? Não é o de iludir o consumidor para que pense estar pagando algo na faixa dos setenta? Pois é isso mesmo.

E o argumento do comerciante é que o tal 'Marketing' assim o indica. Que é desse jeito que funciona o mercado. Que todos fazem isso para vender mais; e se ele não fizer o mesmo, corre o risco de vender menos ou nem vender.

Então, concernente à precificação, poucos são autênticos e não alimentam a roda da enganação. Tem ainda os que põem esses preços porque acham 'bonitinhos' os noves no final.

Normalmente, a diferença que se aplica para iludir o consumidor é de R$0,01 (um centavo). Será que é porque esse é o valor que se atribui ao próprio caráter? Tomara que não. Que seja apenas uma simples coincidência da esperteza em se aumentar as vendas em relação à concorrência.

No entanto, esse não é o único problema. Há o da supressão do troco. Quando o consumidor dá uma nota de R$2,00 para pagar um bem de R$1,99, raramente recebe R$0,01 de volta. Prática esta que pode até configurar ilegalidade, por exemplo, com a multiplicação do ato, a obtenção de renda não declarada; ou específicamente pela não devolução do troco corretamente, como a Lei Municipal 5.532, de 25 de setembro de 2012, já existente no Rio de Janeiro, RJ.

A mercadologia tem um papel importante na fomentação e intermediação dos negócios. Identifica necessidades (as cria igualmente) e promove seus atendimentos. Acontece, porém, que há muita 'enganologia' também, fazendo perdurar a cultura do 'levar vantagem'. A qual será demovida da sociedade com uma boa e intensificada educação. Ainda por vir, com mensalidades que poderão ser de R$499,99 ou R$999,99. Mas quem sabe, com bolsas parciais, possam ser reduzidas a R$199,99 ou R$399,99. Podendo ser apoiada ainda por legislação, como a já citada.

Hoje, indo para o trabalho, avistei um grande cartaz num cavalete diante de um circo. "Não percam! Esta noite: ingressos a R$9,99". Imediatamente, pensei: - Por que não marcam logo R$10,00? - Que palhaçada!


J.R.Jerônimo, 29.05.2014.

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