A parte mais importante da educação de uma pessoa é aquela recebida em casa, da família.
Outros ensinamentos, certamente, ela terá também fora de casa, na escola, na igreja, no clube, no trabalho, na convivência social e ao longo da vida, mas o mais importante e mais poderoso dos ensinamentos é o que recebe de sua família.
E por que isto?
As informações, orientações e exemplos recebidos dentro de casa, em família, têm muito mais poder de influência sobre o caráter do indivíduo por ocorrerem desde que ele ainda é um bebê. Tudo é novidade e motivo de aprendizado nesta fase e na infância. Aprendizado extremamente necessário para que o novo ser vá se preparando para a vida que se lhe abre à frente.
Nesta fase, em razão de precisar de referências semânticas (imagens, sons, percepções cinestésicas), para lidar o mais rápido possível com a realidade, ele absorve avidamente todas as referências que pode adquirir, através dos canais visual, auditivo e tátil. Agarra-as com firmeza, de tal modo que estas referências ficam arraigadas em sua memória que, por estar em formação, tem espaço privilegiado para tais registros que, por isso, e com gigantesca frequência, tendem a ser indeléveis e presentes por toda a vida.
É, nestes momentos em que a criança aprende a reconhecer as pessoas de sua família, a falar, a andar e, à medida que vai desenvolvendo um pouco mais sua compreensão, a imitar naturalmente os exemplos de seus familiares, que deve, os pais, imprimir a este espírito a educação capital que lhe servirá de base, fundamento e sustentáculo durante sua existência.
"Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos." Esta frase atribuída a Pitágoras - filósofo e matemático grego, que viveu aproximadamente entre 570 e 497 a.C. - é uma máxima, em toda parte e em todo tempo, e absolutamente verdadeira e oportuna nos dias de hoje. Acrescentamos ainda que se as crianças não forem educadas, não apenas elas quando adultas, se faltosas, serão punidas, mas todos indistintamente também o serão, como vítimas.
E que educação é esta, que é imprescindível, e que norteará o indivíduo pela vida inteira?
A educação mais importante que pode ter uma pessoa é aquela que forma o caráter, que lhe dá as bases para permanecer íntegro e equilibrado diante de qualquer situação e em qualquer tempo. Que lhe reveste de confiança em si mesmo, de perseverança em seus objetivos, de civilidade e cidadania, de consciência de seu papel em favor do bem comum.
É esta educação que servirá de base para receber toda ciência, toda arte, toda técnica, enfim, todo conhecimento e habilidade que aprazer ao indivíduo. Pois em qualquer área que este atue terá a retidão no proceder e contribuirá para o melhor que a coletividade sabe que dele pode-se esperar.
A educação, que é primeira e primária, que é a mais importante, e que é absolutamente necessária, é a que passa, de pai e mãe para filhos, os valores que conduzem a uma vida digna e produtiva, os quais são:
Valores | Atributos |
Ética | Honestidade, justiça, equidade. |
Respeito | Paciência, tolerância, admiração, dignidade. |
Moral | Boa vontade, responsabilidade, pureza (ausência de malícia). |
Fé | Confiança, perseverança, oração, vigilância, esperança, paz. |
Amor | Bondade, compreensão, caridade, fraternidade, solidariedade. |
Saúde | Alimentação, higiene, ginástica, sono, segurança, bom-humor. |
Atitude | Iniciativa, planejamento, disciplina, mansidão, coragem. |
Sabedoria | Leitura, estudo, pesquisa, experiência, habilitação. |
Trabalho | Crescimento, poupança, realização, construção. |
Amizade | Lealdade, compartilhamento, união, companhia. |
Ensinemos estes valores a cada filho nosso, com fé, com amor, com responsabilidade e esperança. Tenhamos esta atitude, esta iniciativa. Não deixemo-la, de forma alguma, tal atribuição para a escola. À escola cabe a matemática, o português, a geografia, as ciências. E seja qual for o ensinamento dado na escola, deverá sempre ser em conformidade com os princípios, com os valores, ensinados antes pela família - pelo pai e pela mãe -, em casa.
Já ocorrera uma vez na história de nosso país, uma geração de indivíduos pobres de civilidade, de disciplina e de amor ao lugar em que nasceram. Eram os "mazombos", segundo conta o historiador Vianna Moog, com referência aos séculos XVI, XVII e XVIII - MOOG, V. Bandeirantes e Pioneiros. Paralelo Entre Duas Culturas, 1ª ed. Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Globo, 1954. -. Eram sujeitos destituídos de moral e de qualquer valor e princípio em respeito às pessoas de sua terra, naqueles tempos. Eram um atraso a qualquer empresa e um estorvo à coletividade. Mas havia uma exceção no julgamento de sua mente pobre e vil. De suas mazelas, descuidos e desrespeitos, eximia sua mãe. A única pessoa, que escapava de sua vulgaridade para com a vida, era sua mãe. De modo que ele a ouvia. E foram elas, as mães, que, ao longo desta passagem infeliz de nossa história, aos poucos foram conseguindo demovê-los desta mentalidade pequena e formar, para as gerações seguintes, indivíduos melhores do que aqueles.
Como se vê, melhoramos, mas não muito. Precisamos que cada pai e que cada mãe se valha ao máximo do potencial desta oportunidade. Carecemos de pessoas muito melhores, do que as atuais, para o nosso país, para o nosso planeta. Não temos o direito moral de reclamar dos políticos que governam e legislam em nome da maioria, mas não em favor da maioria, posto que eles são originários de nós mesmos, de nosso lugar e de nosso meio. Como podemos exigir que sejam diferentes? Eles são o que somos. Então tratemos de ser diferentes, de sermos melhores. E isto é possível através da educação de nossos filhos, em casa, quando ainda são pequenos, ensinando a eles os valores que devem ter para a vida. Para que as próximas gerações tenham um lugar melhor para viver e pessoas mais decentes e com o direito de usufruir deste lugar.
Isto é fácil? Pode não ser! Mas é preciso tentar. Você que é pai ou que é mãe, esforce-se, dedique-se, ensine um pouco por vez e, acima de tudo, dê o seu exemplo nas atitudes do dia-a-dia.
Você que é pai ou que é mãe, faça a sua parte, do melhor jeito que você pode e estará contribuindo para melhorar o nosso país, o nosso planeta, ...e o ser humano.
J.R.Jerônimo, 10.2009.