Em 20 de janeiro de 1961, em seu discurso de posse como 35° presidente dos EUA(1), John F. Kennedy disse ao povo: "Não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer por seu país".
Hoje, e desde sempre, pessoas no Brasil raramente perguntam o que podem fazer pelo país, mas frequentemente providenciam para que o país faça tudo por elas, e sem perguntar nada sobre o quanto custa, para o país.
E justamente da parte da sociedade donde se espera mais equilíbrio e ponderação, não apenas como prática em seus trabalhos e em suas vidas, mas também como referência para todos os demais cidadãos, é donde se recebe mais um mau exemplo.
É de indignar o fazer valer o direito de receber retroativamente a cinco anos um auxílio-alimentação de R$710, quem tem um salário acima de R$ 20 mil, posto que não deveria ter direito sequer a uma unidade desse auxílio, uma vez que tal salário já oferece todas as condições para essas e outras despesas ao exercício da própria atividade. Porém, é o que foi decidido para receberem 1,8 mil promotores e procuradores do Estado de São Paulo, conforme pode ser lido, abaixo, num dos editoriais, do jornal Estado de São Paulo, de 20.05.2013, página A3.
Isto não é falta de consciência?
É!
Mas a consciência não é maior quanto maior for a educação?
É o que deveria ser.
E essa classe de servidores do MP não tem bastante escolaridade?
Escolaridade pode ser, todavia, educação, a que leva à sabedoria e conduz o homem à grandeza de sua existência, não.
Ah... que falta faz a educação. Aquela que torna a pessoa melhor, verdadeiramente consciente e com inteligência suficiente para ponderar e entender que na vida em sociedade deve prevalecer o bem coletivo sobre o privilégio individual. Que o trabalho público é uma oportunidade para se colaborar ainda mais que o cidadão comum para que o país seja próspero e justo, com ética e moralidade, na aplicação de seus deveres e na distribuição de suas possibilidades.
O argumento antigo e antiquado de que, se é legal, então pode, continua prevalecendo sobre a moral. E assim, hodiernamente, um festival de imoralidades massacram a cidadania brasileira. Haja autoestima para suportar tanto oportunismo. Para quem decide, principalmente quando se está amparado na lei, argumentos não faltam para justificar-se, mesmo diante de imoralidades. Tais atores chegam a dizer até que "é a lei, é assim, não fomos nós que fizemos, ela já estava aí, só estamos cumprindo-a". Quando o correto seria, além de não se aprovar decisões que vão contra o povo, mudar imediatamente esse tipo de lei.
E se alguém tem dúvidas sobre a imoralidade de ações como essa, que lamentavelmente é apenas mais uma em meio a um mar de tantas outras que ocorrem na vida pública brasileira (e também na privada), e razões de constante indignação, é só lembrar dos excessivos quarenta por cento, aproximadamente, que pagamos de impostos e do quanto temos de retorno no atendimento da saúde, na quantidade de escolas, na qualidade da educação, na situação da segurança, nos serviços de transportes, nas condições da infraestrutura, etc.
Outra constatação, igualmente lastimável, é a da existência de cidadãos que se incomodam com essa situação mas por outro motivo, o de não estarem no lugar daqueles, para também se aproveitarem dessa benesse e se lambuzarem desse mel, mas que, para a civilidade, é fel.
Educação: precisamos de muita. Muita mesmo. Em quantidade e em qualidade, para transformar as pessoas, de todas as classes, de todas as idades. Socorra-nos!, Educação. Enquanto ainda estamos aqui, para sermos socorridos.
J.R.Jerônimo, 10.06.2013.