Em
1897, uma menininha norte-americana ficou muito triste quando seus amiguinhos
lhe disseram que Papai Noel não existe. Os pais de Virgínia O'Hanlon, de oito
anos, aconselharam-na a escrever ao jornal "New
York Sun" para esclarecer a dúvida. A resposta que lhe enviou o editor
do jornal, Francis
Church, tornou-se um clássico no assunto.
A
carta foi guardada pela professora Virgínia
O'Hanlon Douglas, durante toda sua vida. Ela morreu em maio de 1971.
Virgínia,
aos oito anos, escreveu ao "Sun":
"Querido
editor:
Tenho
oito anos.
Alguns
dos meus amiguinhos dizem que Papai Noel não existe.
Papai
disse que falasse com o senhor.
Por
favor, diga-me a verdade, Papai Noel existe?
Assinado:
Virgínia."
Church
respondeu:
"Virgínia,
seus amiguinhos estão errados. Eles foram atacados (pelo vírus) do ceticismo
da idade cética. Eles só acreditam no que podem ver.
Todas
as mentes, Virgínia, sejam elas de adultos ou de crianças, são pequenas.
Nesse
nosso imenso universo o homem é um pequeno inseto, e sua inteligência -
comparada à grandeza do mundo em volta dele ou a uma inteligência capaz de
apreender num segundo toda a verdade e o conhecimento - é semelhante à de uma
formiga.
É
verdade, Virgínia, Papai Noel existe.
É
tão certo que ele existe quanto existem o amor, a generosidade e a devoção.
O
mundo seria bem triste se Papai Noel não existisse. Neste caso também não
existiria a fé das crianças, nem poesia, nem romance que tornasse a existência
mais alegre.
Não
acreditar em Papai Noel seria como não acreditar em fadas. Você poderia dizer
ao seu papai que pedisse aos outros homens para que juntos vigiassem todas as
chaminés do mundo, na véspera de Natal mas se, mesmo assim, eles não
conseguissem ver o bom velhinho descendo através delas, o que isto provaria?
Ninguém
é capaz de ver Papai Noel, mas nada prova que Papai Noel não existe.
As
coisas mais verdadeiras do mundo são aquelas quem os adultos nem as crianças são
capazes de enxergar. Alguma vez você já viu a dança das fadas? Claro que não,
mas isso não prova que elas não estão lá. Ninguém é capaz de imaginar
todas as maravilhas que o homem não pode ver.
Você
é capaz de quebrar o chocalho do bebê e ver o que estava fazendo barulho lá
dentro. Mas há um véu protegendo o mundo invisível dos olhos do homem e nem o
mais forte deles, nem a força junta de todos os homens mais fortes do mundo,
poderiam afastar esse véu e descortinar a beleza e a glória infinitas que estão
escondidas atrás dele.
E
será que esta beleza é real? Ora, Virgínia, em todo este mundo não há nada
tão real e fantástico.
Graças
a Deus, Virgínia, Papai Noel vive e viverá para sempre. Daqui a mil anos,
daqui a dez vezes dez mil anos ele continuará a viver e alegrar o coração das
crianças de todas as idades."
Jornal
Folha Metropolitana,
de Guarulhos, 1ª página, edição
nº 3361, de 25 de dezembro de 1983
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